quarta-feira, 26 de agosto de 2015

[Off topic] Argo: Ficção = Farsa?



Existe uma espécie de provérbio que diz que quanto mais alto você chegar, mais as pessoas vão tentar te derrubar. E Ben Affleck e Argo chegaram bastante alto. A produção concorreu a seis Oscars e venceu nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.  Ben Affleck, que atuou, dirigiu e produziu, não conseguiu a estatueta de Melhor Diretor, mas conseguiu prestígio como realizador e o respeito como artista que lhe faltava com muita gente. Se hoje ele é o Batman e já assinou contrato para futuramente dirigir o Homem Morcego, é em muito graças ao êxito obtido com Argo.

Mas toda essa popularidade parece ter incomodado a muita gente, como pessoas envolvidas na história real que em que o filme se baseia. Houveram pessoas que reclamaram que tiveram um papel maior e/ou mais decisivo do que foi mostrado na telona e, com isso, choveram críticas na internet atacando o filme como uma farsa e Ben Affleck como um enganador.

Essas pessoas parecem se esquecer de um detalhe fundamental: Argo é uma obra de FICÇÃO que é BASEADA em fatos reais e não um documentário. Roteirista e diretores, quando fazem um filme baseado em algo que aconteceu de verdade, tem toda a liberdade do mundo para contar a história da forma como acharem melhor, tem toda liberdade até para omitir ou criar coisas. E isso não torna o filme uma farsa, não torna realizadores mentirosos. Isso faz do filme apenas uma obra fictícia. 

Desde quando a ficção precisa caminhar pisando nas pegadas da realidade? Desde quando a ficção é farsa?


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Seven - Os Sete Crimes Capitais


Seven - Os Sete Crimes Capitais
Título Original: Se7en
Gênero: Suspense/Crime
Ano: 1995
Diretor: David Fincher
Prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Edição
Sinopse: Dois detetives, um explosivo novato e um esgotado veterano às vésperas da aposentadoria, são encarregados de encontrar um serial killer que mata suas vítimas de acordo com os os sete pecados capitais.
Por que vale a pena assistir?
A forma como o roteiro (que levou quase dois anos para ser escrito) foi construído é brilhante e impecável. Embora a sinopse possa soar clichê, o roteiro possui personagens bem construídos que exploram a condição humana e sua degradação no mundo moderno. 
Essa degradação é marcada também pela estética obtida pela direção de arte e da fotografia, que criam uma atmosfera densa e mórbida. Os ambientes internos são quase sempre mal iluminados, desconfortáveis, opressivos, sujos, caustrofóbicos ou molhados. O filme quase sempre acontece à noite ou em lugares pouco iluminados, mas nem mesmo nas cenas externas diurnas a luz parece conseguir penetrar. Parece que até mesmo o sol está desgastado e já se cansou de "viver" naquele lugar.
A edição, que concorreu ao Oscar, também dá uma aula de como deixar espaços a serem preenchidos pela imaginação do telespectador através de detalhes e ações omitidas ou obscurecidas. Um exemplo é que... SPOILER (selecione para ler): [Em momento algum é mostrado o serial killer cometendo algum dos assassinatos, mas as imagens e as conversas sobre o que aconteceu fazem você montar o crime na cabeça de forma que é como se você tivesse visto. Até porque assim cada um preenche essa lacuna imaginando do seu jeito.]

Seven é um filmaço! Muito inteligente, intenso, marcante, bem feito e com muita atenção a cada detalhe. Até mesmo os créditos são estilizados de acordo com a estética do filme! E a cereja do bolo é o final que eleva o que seria um grande filme a uma obra prima. É impossível ficar indiferente ao que acontece e à mensagem que se passa.

Dentro do gênero Policial existe o sub gênero Filme de Serial Killer. Dentro do gênero Suspense existe o sub gênero Suspense Psicológico. E no topo da intercessão entre os sub gêneros Filme de Serial Killer e Suspense Psicológico existe Seven e Silêncio dos Inocentes. E ponto.



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

[Off topic] Argo, o Walking Dead político



Argo é um filme de zumbi. Isso já fica claro desde a primeira cena, na embaixada americana, mas eu só saquei lá pelo meio, na cena da combi no protesto e na cena seguinte, no bazar. Em todo o filme de um lado os iranianos são retratados como uma massa insana sedenta por sangue, como zumbis inteligentes, teocratas e burocratas que, em vez de devorar as pessoas, as executam diante de todo o mundo. Já do outro os americanos são retratados como sobreviventes enclausurados e cercados pelo risco iminente de serem "devorados". Rato escondido num buraco na parede de uma casa cheia de gatos. Personagens encurralados num perigo sempre à espreita, uma atmosfera claustrofóbica onde a ameaça vai chegando cada vez mais perto e fazendo o suspense crescer cada vez mais. É exatamente a mesma fórmula usada nas histórias de mortos vivos.

Aliás, Argo como um todo é a mesma coisa que a cena de Walking Dead onde os sobreviventes passam visceras de zumbis em seu corpo para tentar passar despercebido entre eles e escapar com vida. O que muda é a paisagem: O mundo pós apocalíptico fictício foi trocado pelo contexto de terrorismo e crise política internacional, temas mais atuais que nunca.

Depois que fiz essa associação, resolvi buscar no Google se mais pessoas haviam chegado à mesma conclusão que eu e constatei que sim. CLIQUE AQUI para conferir um texto que aborda isso de uma forma mais contextualizada.