quarta-feira, 14 de outubro de 2015

24 Conselhos de Werner Herzog


Aqui vão 24 conselhos sobre arte e vida dados por Werner Herzog, um dos maiores nomes do cinema alemão:

1- Sempre tome a iniciativa;
2- Não há problema algum em passar a noite na cadeira se isso for preciso para conseguir filmar a tomada que você precisa;
3- Atire para todos os lados que em alguma coisa você vai acertar;
4- Nunca deixe seus problemas te engolirem, desespero tem que ser breve e mantido em segredo;
5- Aprenda a conviver com seus erros;
6- Expanda seus conhecimentos musicais e literários, tanto antigos quanto antigos e modernos;
7- Esse rolo de filme na sua mão pode ser o último na face da Terra, então faça bom proveito dele;
8- Não existe desculpas para não terminar um filme;
9- Tenha sempre um alicate com você;
10- Frustre a covarcide institucionalizada;
11- Peça perdão, não permissão;
12- Tome seu destino em suas mãos;
13- Aprenda a ler a essência interior das paisagens;
14- Acenda seu fogo interior e explore o desconhecido;
15- Siga em frente, nunca dê meia volta;
16- Manipule e engane, mas sempre cumpra;
17- Não tema rejeição;
18- Desenvolva sua voz;
19- O começo é o ponto sem volta;
20- Contrariar uma lição de cinema teórico é uma medalha de honra;
21- Risco é o sangue do cinema;
22- As táticas de guerrilha são as melhores;
23- Se vingue, se necessário;
24- Se acostume com o urso atrás de você.

Fonte: http://www.openculture.com/2015/01/werner-herzogs-24-pieces-of-filmmaking-life-advice.html

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Nascido Para Matar


Nascido Para Matar
Título Original: Full Metal Jackets
Gênero: Drama/Guerra
Ano: 1987
Diretor: Stanley Kubrick
Sinopse: Um sargento (R. Lee Ermey) treina de forma fanática e sádica seus recrutas para transformar jovens em máquinas de guerra para combater na Guerra do Vietnã. Após serem transformados em fuzileiros navais, eles são enviados para a guerra e quando lá chegam se deparam com seus horrores e absurdos.
Por que vale a pena assistir?
Quando se fala de Stanley Kubrick, logo se pensa em 2001, Laranja Mecânica e O Iluminado, mas minha obra preferida dele é Nascido Para Matar.

Em sua primeira metade acontece o treinamento, onde os recrutas são assediados moralmente e humilhados todos os dias das mais diversas formas possível. As coisas que o sargento diz e que submete os recrutas são horríveis e desumanas, mas graças ao senso de humor mordaz do Kubrick, são também hilárias. As coisas ele grita na cara dos soldados são absurdas como: "Aposto que você é o tipo de pessoa que comeria a bunda do seu amigo o dia todo e não teria a generosidade de oferecer um pouco da sua em troca" ou "Quero essa privada tão limpa que até a Virgem Maria se orgulharia de dar uma cagada nela".

Na segunda metade, que se passa na guerra propriamente dita, o humor cáustico do diretor se mantém presente, mas de forma mais sutil e cínica. Por exemplo ao retratar os fuzileiros navais como estudantes numa escola escola. Em certo momento os soldados ficam ansiosos para entrar em combate para poderem logo dizer que já mataram alguém, exatamente como adolescentes ansiosos para perder a virgindade.

Na primeira metade o filme possui características mais documentariais, enquanto na segunda parte se torna uma montagem de momentos presenciados pelo sarcástico Soldado Joker, o protagonista, que é jornalista de guerra. Em ambos momentos o filme funciona primorosamente trazendo diversos grandes diálogos, cenas inesquecíveis e falas épicas.

O elenco, mesmo sem grandes nomes, teve um desempenho no alto nível de qualidade que já era característico do perfeccionista quase compulsivo que era o Kubrick. Através daqueles atores até então desconhecidos ganharam vida personagens interessantes que fazem o espectador crie uma afinidade com eles, se importe com eles e curta estar "na companhia" deles.

Quanto à direção, é chover no molhado. Em todo canto é possível ver a assinatura do gênio que dirigiu.

Geralmente colocado entre os melhores filmes de guerra, eu, particularmente, o coloco como o melhor. Nascido Para Matar é muito mais focado que Apocalypse Now, menos preocupado com discurso político que Platoon e não é melodramático como O Resgato do Soldado Ryan.


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

[Off Topic] Quem Vai Salvar a Comédia de Sátira?


Na década de 80 se popularizou um estilo de comédia chamado por alguns de pastelão e por outros de besteirol. Eram filmes repletos de trocadilhos, exageros, humor absurdo e sátiras de filmes populares. Estão entre eles "Apertem os Cintos O Piloto Sumiu" (1980), " S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço" (1987) e "Corra Que a Polícia Vem Aí" (1988). No começo da década de 90 esse gênero seguiu em alta com "Top Gang" (1991) e "Máquina Quase Mortífera" (1993), mas depois caiu no esquecimento.

Em 2000 esse tipo de comédia foi ressuscitado por "Todo Mundo em Pânico", mas foi sepultado de vez pela baixíssima qualidade de suas continuações e derivados. Hoje o que já foi conhecido pastelão e besteirol hoje é conhecido como "comedinha babaca" e coisas piores. 

No século XXI já houveram bons filmes seguindo essa linha como "Reno 911" e "Todo Mundo Quase Morto", mas nada que fizesse sucesso o suficiente para desbancar as imitações de "Todo Mundo em Pânico" e retomar o nível dos dias de glória do passado.

E agora? Quem vai salvar a comédia de sátira?



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Desconstruindo Harry


Desconstruindo Harry
Título Original: Deconstructing Harry
Gênero: Comédia
Ano: 1997
Sinopse: Harry Block (Woody Allen) é um escritor que irrita a todos ao seu redor escrevendo sobre suas vidas em seus livros. Embora seja um escritor de sucesso, ele vive uma vida decadente em meio a problemas financeiros, relacionamentos mal sucedidos, bebidas, remédios, crises existenciais, bloqueio criativo e demônios interiores.
Por que vale a pena assistir?
Esse filme segue o estilo que Woody Allen criou em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" e usou em outros grandes clássicos de sua carreira, como "Manhattan" e "Hannah e Suas Irmãs". Aquela coisa do judeu ateu franzino sofrendo com as neuroses do mundo moderno, vivendo os absurdos do amor e as dores da busca pela felicidade. Aquela coisa de diálogos rápidos e sagazes repletos de tiradas geniais e referências ao universo de interesses do cineasta. Tudo isso está presente em Desconstruindo Harry de uma forma que as pessoas que não admiram Woody Allen se referem como "mais do mesmo", mas que nós, seus admiradores, nos referimos como "mais daquilo que amamos e não nos cansamos de ver".
No entanto, em Desconstruindo Harry, essa fórmula nos é entregue de uma forma mais nua e crua, despida da usual classe com a qual ele veste seus filmes. Harry é um personagem não apenas decadente, mas alcoólatra, viciado em remédios controlados e com um impulso incontrolável por transar com prostitutas. Até palavrões, raros na filmografia do Woody Allen, aqui são ouvidos aos montes, inclusive aos berros em discussões vulgares. A fotografia e os planos são bem feitos, como sempre, mas a edição traz cortes repetidos ou fora de ordem de forma non sense, quase esquizofrênicos.
Se você não gosta do Woody Allen, não é esse filme que vai te fazer mudar de ideia. Mas, se você adora ele, talvez esse filme te faça adorar ainda mais por trazer um Woody Allen mais "punk". Eu recomendo Desconstruindo Harry tanto para quem nunca assistiu nenhum quanto para quem já assistiu a quase todos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

[Off topic] Sniper Americano: Estamos jogando filmes e assistindo games?


Meus filmes de guerra preferidos são Platoon e Nascido Para Matar, ambos da década de 80. E ambos feitos de uma forma de se fazer filmes de guerra que mudou no século XXI, especialmente após o sucesso de Guerra ao Terror e as aclamadas sequências de ação de Supremacia Bourne e Ultimato Bourne. Assistindo "Sniper Americano" eu senti, em alguns momentos, a mesma sensação que eu sentia quando estava no quarto do meu primo vendo ele jogar Call of Duty. E essa sensação não foi inédita nem é rara: Cada vez mais se faz filmes que parecem games e games que parecem filmes.

Nos games, conforme o hardware se tornou avançado o bastante para alcançar gráficos próximos à realidade, narrativas cinematográficas passaram a ser cada vez mais utilizadas e hoje se tornou um gênero. E um dos gêneros que mais vendem. Basta ver The Last of Us, o jogo mais bem sucedido dos últimos tempos em críticas, vendas... Em tudo! Sua narrativa é extremamente cinematográfica. É praticamente um filme interativo.

No cinema inúmeros filmes, geralmente os blockbusters de ação, se parecem games. A computação gráfica utilizada em Avatar produziu um filme que é como se James Cameron estivesse jogando video game usando a tela do cinema como TV. Há diversos casos (vide filmes de heróis) onde o roteiro é praticamente dividido em fases, como os jogos, e é possível até mesmo identificar os chefões e o "zeramento" após a luta contra o último chefe.

Jogos que parecem filmes estão entre os que mais vendem, assim como os filmes que parecem jogos estão entre as maiores bilheterias. No entanto, podem me chamar de atrasadão, conservador, reacionário e caretão, mas eu prefiro jogar games e assistir filmes do que jogar filmes e assistir games.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Velvet Goldmine


Velvet Goldmine
Título Original: Velvet Goldmine
Gênero: Drama/musical
Ano: 1998
Diretor: Todd Raynes
Sinopse: Em 1971, o Glam Rock invade o mundo da música britânica, provocando uma verdadeira revolução, não apenas na música mas também nos costumes da sociedade. O ícone do movimento é Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintarem as unhas, usarem batom e explorarem sua sexualidade mas que, incapaz de lidar com a fama adquirida, forja sua própria morte e desaparece. 10 Anos mais tarde, um jornalista inglês (Christian Bale) é encarregado de investigar seu desaparecimento.
Por que vale a pena assistir?
Velvet Goldmine é o título de uma música da fase anos Glam Rock do David Bowie e é daí que o filme tira sua espinha dorsal. O longa usa fragmentos da história real da era Glam e a carreira do camaleão do rock para, a partir daí, construir sua narrativa. Para quem curte esse cenário musical é um deleite pescar referências e pensar "Aquele personagem ali é o Iggy Pop! A capa do disco daquele personagem é baseada na capa de tal disco! Aquele é o Brian Eno! Esse show foi inspirado no show de tal banda! Aquele personagem é o Andy Warhol!"

O roteiro é muito bem escrito, fazendo muito bem não apenas o papel de explicar aos espectadores o que foi aquele período cultural como também criando personagens que vão muito além de serem meros pastiches de suas contra partes no mundo real. O desenvolvimento deles e a forma como se relacionam funciona muito bem, mesmo nos momentos em que são propositalmente vagos para deixar para o espectador tirar suas conclusões.

A montagem é perfeita, misturando o presente com fragmentos não lineares de diversos pontos do passado e mesmo assim passando ao espectador as informações certas no momento certo, criando mistério e suspense. E isso sem escorregar em cascas de banana como confusão, perda de ritmo e anti climax.

E as atuações se destacam MUITO! Christian Bale está excelente tanto na fase adulta do personagem, sempre cabisbaixo e melancólico, quanto na fase juvenil, jovial e ingênuo. Jonathan Rhys-Meyers navega com muita eficiência em todas as nuances da trajetória de ascensão e queda do paraíso ao inferno que o protagonista passa. No entanto o grande destaque é a atuação avassaladora de Ewan McCregor nas cenas musicais incorporando anarquia desvairada, imprevisibilidade e selvageria de Iggy Pop.

Velvet Goldmine é um filme muito bem feito e muito bem conduzido pelo diretor que o tempo todo demonstra que sabe exatamente o que quer. É obrigatório tanto para quem curte bons filmes quanto para quem curte esse cenário musical. Só não é recomendado para quem não tolera sexo (nem sempre heterossexual), drogas e rock 'n roll. Afinal, esse filme é pura BOWIEolagem!



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

[Off topic] Argo: Ficção = Farsa?



Existe uma espécie de provérbio que diz que quanto mais alto você chegar, mais as pessoas vão tentar te derrubar. E Ben Affleck e Argo chegaram bastante alto. A produção concorreu a seis Oscars e venceu nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição.  Ben Affleck, que atuou, dirigiu e produziu, não conseguiu a estatueta de Melhor Diretor, mas conseguiu prestígio como realizador e o respeito como artista que lhe faltava com muita gente. Se hoje ele é o Batman e já assinou contrato para futuramente dirigir o Homem Morcego, é em muito graças ao êxito obtido com Argo.

Mas toda essa popularidade parece ter incomodado a muita gente, como pessoas envolvidas na história real que em que o filme se baseia. Houveram pessoas que reclamaram que tiveram um papel maior e/ou mais decisivo do que foi mostrado na telona e, com isso, choveram críticas na internet atacando o filme como uma farsa e Ben Affleck como um enganador.

Essas pessoas parecem se esquecer de um detalhe fundamental: Argo é uma obra de FICÇÃO que é BASEADA em fatos reais e não um documentário. Roteirista e diretores, quando fazem um filme baseado em algo que aconteceu de verdade, tem toda a liberdade do mundo para contar a história da forma como acharem melhor, tem toda liberdade até para omitir ou criar coisas. E isso não torna o filme uma farsa, não torna realizadores mentirosos. Isso faz do filme apenas uma obra fictícia. 

Desde quando a ficção precisa caminhar pisando nas pegadas da realidade? Desde quando a ficção é farsa?