quarta-feira, 14 de outubro de 2015
24 Conselhos de Werner Herzog
Aqui vão 24 conselhos sobre arte e vida dados por Werner Herzog, um dos maiores nomes do cinema alemão:
1- Sempre tome a iniciativa;
2- Não há problema algum em passar a noite na cadeira se isso for preciso para conseguir filmar a tomada que você precisa;
3- Atire para todos os lados que em alguma coisa você vai acertar;
4- Nunca deixe seus problemas te engolirem, desespero tem que ser breve e mantido em segredo;
5- Aprenda a conviver com seus erros;
6- Expanda seus conhecimentos musicais e literários, tanto antigos quanto antigos e modernos;
7- Esse rolo de filme na sua mão pode ser o último na face da Terra, então faça bom proveito dele;
8- Não existe desculpas para não terminar um filme;
9- Tenha sempre um alicate com você;
10- Frustre a covarcide institucionalizada;
11- Peça perdão, não permissão;
12- Tome seu destino em suas mãos;
13- Aprenda a ler a essência interior das paisagens;
14- Acenda seu fogo interior e explore o desconhecido;
15- Siga em frente, nunca dê meia volta;
16- Manipule e engane, mas sempre cumpra;
17- Não tema rejeição;
18- Desenvolva sua voz;
19- O começo é o ponto sem volta;
20- Contrariar uma lição de cinema teórico é uma medalha de honra;
21- Risco é o sangue do cinema;
22- As táticas de guerrilha são as melhores;
23- Se vingue, se necessário;
24- Se acostume com o urso atrás de você.
Fonte: http://www.openculture.com/2015/01/werner-herzogs-24-pieces-of-filmmaking-life-advice.html
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Nascido Para Matar
Título Original: Full Metal Jackets
Gênero: Drama/Guerra
Ano: 1987
Diretor: Stanley Kubrick
Diretor: Stanley Kubrick
Sinopse: Um sargento (R. Lee Ermey) treina de forma fanática e sádica seus recrutas para transformar jovens em máquinas de guerra para combater na Guerra do Vietnã. Após serem transformados em fuzileiros navais, eles são enviados para a guerra e quando lá chegam se deparam com seus horrores e absurdos.
Por que vale a pena assistir?
Quando se fala de Stanley Kubrick, logo se pensa em 2001, Laranja Mecânica e O Iluminado, mas minha obra preferida dele é Nascido Para Matar.
Em sua primeira metade acontece o treinamento, onde os recrutas são assediados moralmente e humilhados todos os dias das mais diversas formas possível. As coisas que o sargento diz e que submete os recrutas são horríveis e desumanas, mas graças ao senso de humor mordaz do Kubrick, são também hilárias. As coisas ele grita na cara dos soldados são absurdas como: "Aposto que você é o tipo de pessoa que comeria a bunda do seu amigo o dia todo e não teria a generosidade de oferecer um pouco da sua em troca" ou "Quero essa privada tão limpa que até a Virgem Maria se orgulharia de dar uma cagada nela".
Na segunda metade, que se passa na guerra propriamente dita, o humor cáustico do diretor se mantém presente, mas de forma mais sutil e cínica. Por exemplo ao retratar os fuzileiros navais como estudantes numa escola escola. Em certo momento os soldados ficam ansiosos para entrar em combate para poderem logo dizer que já mataram alguém, exatamente como adolescentes ansiosos para perder a virgindade.
Na primeira metade o filme possui características mais documentariais, enquanto na segunda parte se torna uma montagem de momentos presenciados pelo sarcástico Soldado Joker, o protagonista, que é jornalista de guerra. Em ambos momentos o filme funciona primorosamente trazendo diversos grandes diálogos, cenas inesquecíveis e falas épicas.
O elenco, mesmo sem grandes nomes, teve um desempenho no alto nível de qualidade que já era característico do perfeccionista quase compulsivo que era o Kubrick. Através daqueles atores até então desconhecidos ganharam vida personagens interessantes que fazem o espectador crie uma afinidade com eles, se importe com eles e curta estar "na companhia" deles.
Quanto à direção, é chover no molhado. Em todo canto é possível ver a assinatura do gênio que dirigiu.
Geralmente colocado entre os melhores filmes de guerra, eu, particularmente, o coloco como o melhor. Nascido Para Matar é muito mais focado que Apocalypse Now, menos preocupado com discurso político que Platoon e não é melodramático como O Resgato do Soldado Ryan.
Quando se fala de Stanley Kubrick, logo se pensa em 2001, Laranja Mecânica e O Iluminado, mas minha obra preferida dele é Nascido Para Matar.
Em sua primeira metade acontece o treinamento, onde os recrutas são assediados moralmente e humilhados todos os dias das mais diversas formas possível. As coisas que o sargento diz e que submete os recrutas são horríveis e desumanas, mas graças ao senso de humor mordaz do Kubrick, são também hilárias. As coisas ele grita na cara dos soldados são absurdas como: "Aposto que você é o tipo de pessoa que comeria a bunda do seu amigo o dia todo e não teria a generosidade de oferecer um pouco da sua em troca" ou "Quero essa privada tão limpa que até a Virgem Maria se orgulharia de dar uma cagada nela".
Na segunda metade, que se passa na guerra propriamente dita, o humor cáustico do diretor se mantém presente, mas de forma mais sutil e cínica. Por exemplo ao retratar os fuzileiros navais como estudantes numa escola escola. Em certo momento os soldados ficam ansiosos para entrar em combate para poderem logo dizer que já mataram alguém, exatamente como adolescentes ansiosos para perder a virgindade.
Na primeira metade o filme possui características mais documentariais, enquanto na segunda parte se torna uma montagem de momentos presenciados pelo sarcástico Soldado Joker, o protagonista, que é jornalista de guerra. Em ambos momentos o filme funciona primorosamente trazendo diversos grandes diálogos, cenas inesquecíveis e falas épicas.
O elenco, mesmo sem grandes nomes, teve um desempenho no alto nível de qualidade que já era característico do perfeccionista quase compulsivo que era o Kubrick. Através daqueles atores até então desconhecidos ganharam vida personagens interessantes que fazem o espectador crie uma afinidade com eles, se importe com eles e curta estar "na companhia" deles.
Quanto à direção, é chover no molhado. Em todo canto é possível ver a assinatura do gênio que dirigiu.
Geralmente colocado entre os melhores filmes de guerra, eu, particularmente, o coloco como o melhor. Nascido Para Matar é muito mais focado que Apocalypse Now, menos preocupado com discurso político que Platoon e não é melodramático como O Resgato do Soldado Ryan.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
[Off Topic] Quem Vai Salvar a Comédia de Sátira?
Na década de 80 se popularizou um estilo de comédia chamado por alguns de pastelão e por outros de besteirol. Eram filmes repletos de trocadilhos, exageros, humor absurdo e sátiras de filmes populares. Estão entre eles "Apertem os Cintos O Piloto Sumiu" (1980), " S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço" (1987) e "Corra Que a Polícia Vem Aí" (1988). No começo da década de 90 esse gênero seguiu em alta com "Top Gang" (1991) e "Máquina Quase Mortífera" (1993), mas depois caiu no esquecimento.
Em 2000 esse tipo de comédia foi ressuscitado por "Todo Mundo em Pânico", mas foi sepultado de vez pela baixíssima qualidade de suas continuações e derivados. Hoje o que já foi conhecido pastelão e besteirol hoje é conhecido como "comedinha babaca" e coisas piores.
No século XXI já houveram bons filmes seguindo essa linha como "Reno 911" e "Todo Mundo Quase Morto", mas nada que fizesse sucesso o suficiente para desbancar as imitações de "Todo Mundo em Pânico" e retomar o nível dos dias de glória do passado.
E agora? Quem vai salvar a comédia de sátira?
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Desconstruindo Harry
Título Original: Deconstructing Harry
Gênero: Comédia
Ano: 1997
Sinopse: Harry Block (Woody Allen) é um escritor que irrita a todos ao seu redor escrevendo sobre suas vidas em seus livros. Embora seja um escritor de sucesso, ele vive uma vida decadente em meio a problemas financeiros, relacionamentos mal sucedidos, bebidas, remédios, crises existenciais, bloqueio criativo e demônios interiores.
Por que vale a pena assistir?
Esse filme segue o estilo que Woody Allen criou em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" e usou em outros grandes clássicos de sua carreira, como "Manhattan" e "Hannah e Suas Irmãs". Aquela coisa do judeu ateu franzino sofrendo com as neuroses do mundo moderno, vivendo os absurdos do amor e as dores da busca pela felicidade. Aquela coisa de diálogos rápidos e sagazes repletos de tiradas geniais e referências ao universo de interesses do cineasta. Tudo isso está presente em Desconstruindo Harry de uma forma que as pessoas que não admiram Woody Allen se referem como "mais do mesmo", mas que nós, seus admiradores, nos referimos como "mais daquilo que amamos e não nos cansamos de ver".
No entanto, em Desconstruindo Harry, essa fórmula nos é entregue de uma forma mais nua e crua, despida da usual classe com a qual ele veste seus filmes. Harry é um personagem não apenas decadente, mas alcoólatra, viciado em remédios controlados e com um impulso incontrolável por transar com prostitutas. Até palavrões, raros na filmografia do Woody Allen, aqui são ouvidos aos montes, inclusive aos berros em discussões vulgares. A fotografia e os planos são bem feitos, como sempre, mas a edição traz cortes repetidos ou fora de ordem de forma non sense, quase esquizofrênicos.
Se você não gosta do Woody Allen, não é esse filme que vai te fazer mudar de ideia. Mas, se você adora ele, talvez esse filme te faça adorar ainda mais por trazer um Woody Allen mais "punk". Eu recomendo Desconstruindo Harry tanto para quem nunca assistiu nenhum quanto para quem já assistiu a quase todos.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
[Off topic] Sniper Americano: Estamos jogando filmes e assistindo games?
Meus filmes de guerra preferidos são Platoon e Nascido Para Matar, ambos da década de 80. E ambos feitos de uma forma de se fazer filmes de guerra que mudou no século XXI, especialmente após o sucesso de Guerra ao Terror e as aclamadas sequências de ação de Supremacia Bourne e Ultimato Bourne. Assistindo "Sniper Americano" eu senti, em alguns momentos, a mesma sensação que eu sentia quando estava no quarto do meu primo vendo ele jogar Call of Duty. E essa sensação não foi inédita nem é rara: Cada vez mais se faz filmes que parecem games e games que parecem filmes.
Nos games, conforme o hardware se tornou avançado o bastante para alcançar gráficos próximos à realidade, narrativas cinematográficas passaram a ser cada vez mais utilizadas e hoje se tornou um gênero. E um dos gêneros que mais vendem. Basta ver The Last of Us, o jogo mais bem sucedido dos últimos tempos em críticas, vendas... Em tudo! Sua narrativa é extremamente cinematográfica. É praticamente um filme interativo.
No cinema inúmeros filmes, geralmente os blockbusters de ação, se parecem games. A computação gráfica utilizada em Avatar produziu um filme que é como se James Cameron estivesse jogando video game usando a tela do cinema como TV. Há diversos casos (vide filmes de heróis) onde o roteiro é praticamente dividido em fases, como os jogos, e é possível até mesmo identificar os chefões e o "zeramento" após a luta contra o último chefe.
Jogos que parecem filmes estão entre os que mais vendem, assim como os filmes que parecem jogos estão entre as maiores bilheterias. No entanto, podem me chamar de atrasadão, conservador, reacionário e caretão, mas eu prefiro jogar games e assistir filmes do que jogar filmes e assistir games.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Velvet Goldmine
Título Original: Velvet Goldmine
Gênero: Drama/musical
Ano: 1998
Diretor: Todd Raynes
Diretor: Todd Raynes
Sinopse: Em 1971, o Glam Rock invade o mundo da música britânica, provocando uma verdadeira revolução, não apenas na música mas também nos costumes da sociedade. O ícone do movimento é Brian Slade (Jonathan Rhys-Meyers), roqueiro que leva garotas e rapazes a pintarem as unhas, usarem batom e explorarem sua sexualidade mas que, incapaz de lidar com a fama adquirida, forja sua própria morte e desaparece. 10 Anos mais tarde, um jornalista inglês (Christian Bale) é encarregado de investigar seu desaparecimento.
Por que vale a pena assistir?
Velvet Goldmine é o título de uma música da fase anos Glam Rock do David Bowie e é daí que o filme tira sua espinha dorsal. O longa usa fragmentos da história real da era Glam e a carreira do camaleão do rock para, a partir daí, construir sua narrativa. Para quem curte esse cenário musical é um deleite pescar referências e pensar "Aquele personagem ali é o Iggy Pop! A capa do disco daquele personagem é baseada na capa de tal disco! Aquele é o Brian Eno! Esse show foi inspirado no show de tal banda! Aquele personagem é o Andy Warhol!"
O roteiro é muito bem escrito, fazendo muito bem não apenas o papel de explicar aos espectadores o que foi aquele período cultural como também criando personagens que vão muito além de serem meros pastiches de suas contra partes no mundo real. O desenvolvimento deles e a forma como se relacionam funciona muito bem, mesmo nos momentos em que são propositalmente vagos para deixar para o espectador tirar suas conclusões.
A montagem é perfeita, misturando o presente com fragmentos não lineares de diversos pontos do passado e mesmo assim passando ao espectador as informações certas no momento certo, criando mistério e suspense. E isso sem escorregar em cascas de banana como confusão, perda de ritmo e anti climax.
E as atuações se destacam MUITO! Christian Bale está excelente tanto na fase adulta do personagem, sempre cabisbaixo e melancólico, quanto na fase juvenil, jovial e ingênuo. Jonathan Rhys-Meyers navega com muita eficiência em todas as nuances da trajetória de ascensão e queda do paraíso ao inferno que o protagonista passa. No entanto o grande destaque é a atuação avassaladora de Ewan McCregor nas cenas musicais incorporando anarquia desvairada, imprevisibilidade e selvageria de Iggy Pop.
O roteiro é muito bem escrito, fazendo muito bem não apenas o papel de explicar aos espectadores o que foi aquele período cultural como também criando personagens que vão muito além de serem meros pastiches de suas contra partes no mundo real. O desenvolvimento deles e a forma como se relacionam funciona muito bem, mesmo nos momentos em que são propositalmente vagos para deixar para o espectador tirar suas conclusões.
A montagem é perfeita, misturando o presente com fragmentos não lineares de diversos pontos do passado e mesmo assim passando ao espectador as informações certas no momento certo, criando mistério e suspense. E isso sem escorregar em cascas de banana como confusão, perda de ritmo e anti climax.
E as atuações se destacam MUITO! Christian Bale está excelente tanto na fase adulta do personagem, sempre cabisbaixo e melancólico, quanto na fase juvenil, jovial e ingênuo. Jonathan Rhys-Meyers navega com muita eficiência em todas as nuances da trajetória de ascensão e queda do paraíso ao inferno que o protagonista passa. No entanto o grande destaque é a atuação avassaladora de Ewan McCregor nas cenas musicais incorporando anarquia desvairada, imprevisibilidade e selvageria de Iggy Pop.
Velvet Goldmine é um filme muito bem feito e muito bem conduzido pelo diretor que o tempo todo demonstra que sabe exatamente o que quer. É obrigatório tanto para quem curte bons filmes quanto para quem curte esse cenário musical. Só não é recomendado para quem não tolera sexo (nem sempre heterossexual), drogas e rock 'n roll. Afinal, esse filme é pura BOWIEolagem!
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
[Off topic] Argo: Ficção = Farsa?
Existe uma espécie de provérbio que diz que quanto mais alto você chegar, mais as pessoas vão tentar te derrubar. E Ben Affleck e Argo chegaram bastante alto. A produção concorreu a seis Oscars e venceu nas categorias Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. Ben Affleck, que atuou, dirigiu e produziu, não conseguiu a estatueta de Melhor Diretor, mas conseguiu prestígio como realizador e o respeito como artista que lhe faltava com muita gente. Se hoje ele é o Batman e já assinou contrato para futuramente dirigir o Homem Morcego, é em muito graças ao êxito obtido com Argo.
Mas toda essa popularidade parece ter incomodado a muita gente, como pessoas envolvidas na história real que em que o filme se baseia. Houveram pessoas que reclamaram que tiveram um papel maior e/ou mais decisivo do que foi mostrado na telona e, com isso, choveram críticas na internet atacando o filme como uma farsa e Ben Affleck como um enganador.
Essas pessoas parecem se esquecer de um detalhe fundamental: Argo é uma obra de FICÇÃO que é BASEADA em fatos reais e não um documentário. Roteirista e diretores, quando fazem um filme baseado em algo que aconteceu de verdade, tem toda a liberdade do mundo para contar a história da forma como acharem melhor, tem toda liberdade até para omitir ou criar coisas. E isso não torna o filme uma farsa, não torna realizadores mentirosos. Isso faz do filme apenas uma obra fictícia.
Desde quando a ficção precisa caminhar pisando nas pegadas da realidade? Desde quando a ficção é farsa?
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Seven - Os Sete Crimes Capitais
Título Original: Se7en
Gênero: Suspense/Crime
Ano: 1995
Diretor: David Fincher
Prêmios: Indicado ao Oscar de Melhor Edição
Sinopse: Dois detetives, um explosivo novato e um esgotado veterano às vésperas da aposentadoria, são encarregados de encontrar um serial killer que mata suas vítimas de acordo com os os sete pecados capitais.
Por que vale a pena assistir?
A forma como o roteiro (que levou quase dois anos para ser escrito) foi construído é brilhante e impecável. Embora a sinopse possa soar clichê, o roteiro possui personagens bem construídos que exploram a condição humana e sua degradação no mundo moderno.
Essa degradação é marcada também pela estética obtida pela direção de arte e da fotografia, que criam uma atmosfera densa e mórbida. Os ambientes internos são quase sempre mal iluminados, desconfortáveis, opressivos, sujos, caustrofóbicos ou molhados. O filme quase sempre acontece à noite ou em lugares pouco iluminados, mas nem mesmo nas cenas externas diurnas a luz parece conseguir penetrar. Parece que até mesmo o sol está desgastado e já se cansou de "viver" naquele lugar.
A edição, que concorreu ao Oscar, também dá uma aula de como deixar espaços a serem preenchidos pela imaginação do telespectador através de detalhes e ações omitidas ou obscurecidas. Um exemplo é que... SPOILER (selecione para ler): [Em momento algum é mostrado o serial killer cometendo algum dos assassinatos, mas as imagens e as conversas sobre o que aconteceu fazem você montar o crime na cabeça de forma que é como se você tivesse visto. Até porque assim cada um preenche essa lacuna imaginando do seu jeito.]
Seven é um filmaço! Muito inteligente, intenso, marcante, bem feito e com muita atenção a cada detalhe. Até mesmo os créditos são estilizados de acordo com a estética do filme! E a cereja do bolo é o final que eleva o que seria um grande filme a uma obra prima. É impossível ficar indiferente ao que acontece e à mensagem que se passa.
Dentro do gênero Policial existe o sub gênero Filme de Serial Killer. Dentro do gênero Suspense existe o sub gênero Suspense Psicológico. E no topo da intercessão entre os sub gêneros Filme de Serial Killer e Suspense Psicológico existe Seven e Silêncio dos Inocentes. E ponto.
Dentro do gênero Policial existe o sub gênero Filme de Serial Killer. Dentro do gênero Suspense existe o sub gênero Suspense Psicológico. E no topo da intercessão entre os sub gêneros Filme de Serial Killer e Suspense Psicológico existe Seven e Silêncio dos Inocentes. E ponto.
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
[Off topic] Argo, o Walking Dead político
Argo é um filme de zumbi. Isso já fica claro desde a primeira cena, na embaixada americana, mas eu só saquei lá pelo meio, na cena da combi no protesto e na cena seguinte, no bazar. Em todo o filme de um lado os iranianos são retratados como uma massa insana sedenta por sangue, como zumbis inteligentes, teocratas e burocratas que, em vez de devorar as pessoas, as executam diante de todo o mundo. Já do outro os americanos são retratados como sobreviventes enclausurados e cercados pelo risco iminente de serem "devorados". Rato escondido num buraco na parede de uma casa cheia de gatos. Personagens encurralados num perigo sempre à espreita, uma atmosfera claustrofóbica onde a ameaça vai chegando cada vez mais perto e fazendo o suspense crescer cada vez mais. É exatamente a mesma fórmula usada nas histórias de mortos vivos.
Aliás, Argo como um todo é a mesma coisa que a cena de Walking Dead onde os sobreviventes passam visceras de zumbis em seu corpo para tentar passar despercebido entre eles e escapar com vida. O que muda é a paisagem: O mundo pós apocalíptico fictício foi trocado pelo contexto de terrorismo e crise política internacional, temas mais atuais que nunca.
Aliás, Argo como um todo é a mesma coisa que a cena de Walking Dead onde os sobreviventes passam visceras de zumbis em seu corpo para tentar passar despercebido entre eles e escapar com vida. O que muda é a paisagem: O mundo pós apocalíptico fictício foi trocado pelo contexto de terrorismo e crise política internacional, temas mais atuais que nunca.
Depois que fiz essa associação, resolvi buscar no Google se mais pessoas haviam chegado à mesma conclusão que eu e constatei que sim. CLIQUE AQUI para conferir um texto que aborda isso de uma forma mais contextualizada.
terça-feira, 28 de julho de 2015
Blade Runner, o Caçador de Andróides
Título Original: Blade Runner
Gênero: Ficção Científica
Ano: 1982
Diretor: Ridley Scott
Prêmios: BAFTA (Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte)
Sinopse: Em 2019 um grupo de replicantes Nexus 6, andróides mais evoluídos que os humanos, provoca um motim em uma colônia espacial e se tornam proibidos no Terra. Quando cinco deles chegam à Los Angeles incógnitos, cabe a Richard Deckard, ex Blade Runner (tropa de elite especialidade em caçar andróides) identificar e eliminá-los.
Por que vale a pena assistir?
Blade Runner foi erroneamente vendido por Hollywood como um filme de ação, por consequência disso dividiu a crítica e até hoje é estigmatizado como filme parado e chato. Tremenda injustiça. Sua ênfase não está em perseguição, tiros e explosões e sim em seu enredo que usa o futuro para abordar temas atuais e profundas questões filosóficas, como a busca por si mesmo e a relação/conflito entre homem e máquina. O que de fato é ser um humano é questionado todo o tempo, mas de forma sutil que não subestima a inteligência do espectador. Além disso, se destaca nessa obra o fabuloso trabalho de direção de arte, que não só deu vida a esse futuro distópico cinza, opressivo, noir e cyberpunk, como estabeleceu essa nova estética no cinema de uma forma definitiva. Até é uma das principais fontes onde filmes sombrios de filmes de ficção científica bebem.
Mesmo 23 anos após seu lançamento, Blade Runner ainda merece ser visto e ainda é obrigatório para todo cinéfilo e qualquer pessoa que queira conhecer o gênero. Basta não esperar um filme de ação, aguçar o olhar para ler tudo que é dito além dos diálogos e se deixar levar por essa viagem ao sombrio futuro imaginado por Phillip Dick e realizado por Riddley Scott.quarta-feira, 22 de julho de 2015
[Off topic] Propagandas em Birdman e o cinema feito para vender
Birdman é um filme de sutilezas, mas os product placements, ou seja, propagandas enrustidas em cena no filme, são descaradas. O melhor exemplo é a cena em que Michael Keaton toma uma cerveja e poe a garrafa sobre a mesa com o rótulo perfeitamente visível à câmera. Em outra cena um personagem tira uma foto com o celular e a câmera mostra a tela dele o suficiente para dar pra ver claramente que é um iPhone.
Mas será que essa propaganda descarada não foi proposital? Será que não foi uma ironia sutil sobre à forma como Hollywood cada vez mais faz filmes que são verdadeiros cine merchandisings, ou seja, filmes feitos apenas para vender produtos? Não que isso seja algum tipo de novidade, já há décadas o carro que James Bond dirige é uma propaganda, a marca no tênis voador do Marty McFly é uma propaganda... Mas é com certeza isso algo que vem sendo feito de forma cada vez mais exagerada, chegando ao ponto de haver filmes que são feitos apenas para isso. Um ótimo exemplo é Os Estagiários, com Owen Wilson e Vince Vaughn, que é inteiro uma propaganda da Google.
Ironia, descuido, coincidência ou "merchan" mesmo? Bom, isso é um dos inúmeros pontos de Birdman que o espectador pode interpretar como preferir. Eu prefiro acreditar que foi uma ironia, já que o filme está repleto de ironias, que sobram até para Michael Keaton e para o próprio Alejandro González Iñárritu, roteirista e diretor do filme.
Aliás, o que fez de Birdman um grande filme foi exatamente esse tipo de reflexões e questionamentos que o filme propõe o tempo todo para quem souber enxergar. Se você não sabe enxergar as nuances do cinema, não se preocupe, tem toda uma indústria trabalhando exclusivamente para fazer filmes como Transformers para pessoas como você.
E, por falar em product placement, tem uma cena arrasadora sobre esse assunto na comédia Quanto Mais Idiota Melhor:
quarta-feira, 15 de julho de 2015
A Marca da Maldade (A Touch of Evil)
Título Original: A Touch of Evil
Gênero: Noir
Ano: 1958
Diretor: Orson Welles
Sinopse: Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com Hank Quinlan (Orson Welles), um inescrupuloso detetive americano que abusa de sua autoridade.
Por que vale a pena assistir?
Dirigido (e com o roteiro alterado) por Orson Welles, diretor de Cidadão Kane, considerado um dos maiores filmes de todos os tempos, A Marca da Maldade é uma demonstração soberba de o que é um filme noir, talvez a melhor que se possa encontrar. A trama não é daquelas mirabolantes repletas de reviravoltas, é até bem simples, mas funciona muito bem, flui muito bem e é bem feita. Os personagens conquistam e convencem o espectador, em muito graças às grandes atuações, principalmente do Orson Welles que se transformou num homem repugnante que parece um porco. Fisicamente falando!A direção dá um show não apenas com a preparação do elenco, mas com os enquadramentos e a construção dos planos. A plano sequência inicial é histórica e o filme é repleto de quadros magníficos que daria até para imprimir e emoldurar. A fotografia é um show à parte, uma verdadeira aula de noir com iluminação perfeita, alto contraste e muita sombra.
Qualquer pessoa que curta cinema como arte, como uma linguagem, precisa assistir esse filme não apenas para admirá-lo, mas para aprender com ele. Principalmente se for a versão reeditada, restaurada do original do Orson Welles, pois a versão originalmente lançada foi modificada pelo estúdio na pós produção.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Amadeus
Título Original: Amadeus
Gênero: Drama/Épico/Biografia
Ano: 1984
Diretor: Milos Forman
Prêmios: Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Principal, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado). Globo de Ouro (Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor, Melhor Ator Dramático e Melhor Roteiro). Bafta (Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Melhor Som)
Sinopse: Após tentar se suicidar, Salieri confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart. E, então, ele relata como conheceu, conviveu, admirou e odiou Mozart: um jovem irreverente, mas que compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus.
Por que vale a pena assistir?
É um primor cinematográfico. O roteiro conta uma bela história de amor e ódio, admiração e inveja, através das memórias de Salieri, que são na verdade uma amalgama da sua história e a do Mozart. Uma história romanceada composta por personagens cativantes e repleta de nuances e detalhes sobre suas personalidades, suas razões, sua motivações... Sobre tudo aquilo que leva a cada ato. Há ainda uma magistral transição da divertida juventude do Mozart, com sua risada hilária e seu jeito de rockstar, até seu trágico fim. Sua ascensão e sua queda.
O filme também é um deleite para os olhos por combinar direção de arte, figurino, maquiagem e fotografia de forma soberba. A direção de arte dá vida ao século XVIII de uma forma que os olhos do espectador se convencem de que aquilo foi filmado no passado. A trilha sonora preenche os trechos musicais com perfeição e caem como uma luva também em todo o resto do filme. Isso tudo é amarrado por uma direção magistral que entrega uma verdadeira aula de cinema.
É um filme épico em todos os sentidos.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
Rashomon
Título Original: Rashomon
Gênero: Drama/Suspense
Ano: 1950
Diretor: Akira Kurosawa
Sinopse: No Japão, durante o século XI, uma forte tempestade cai, obrigando um lenhador, um sacerdote e um camponês a se refugiarem nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. Enquanto são obrigados a estar na companhia um do outro, o sacerdote conta a história de um julgamento onde cada testemunho contradiz todos os outros.
Por que vale a pena assistir?
A direção é impecável, os enquadramentos são primorosos, as atuações são marcantes, com ênfase nos olhares e tomadas longas de câmera parada que despejam todo o foco nos atores, mas o principal é o roteiro. A narrativa traz flashbacks dentro de um flashback e reconta a mesma história de formas diferentes através do depoimento de cada personagem. Mais focado em gerar questionamentos do que em fornecer respostas, através do julgamento em que o filme gira em torno, simbolicamente, é julgada a própria humanidade. A história ainda é encerrada de forma poética, filosófica e bela.
Torna esse filme extremamente influente o fato dele ter sido inovador em vários aspectos e graças a isso ele resistiu tanto à passagem do tempo. Mesmo 65 anos após seu lançamento, ainda parece atual. Bastante do que foi feito nele é visto até hoje através das obras dos maiores cineastas do ocidente, entre eles Quentin Tarantino, grande explorador de narrativas complexas e não lineares como a de Rashomon.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
2001 - Uma Odisséia no Espaço
2001, Uma Odisséia no Espaço
Título Original: 2001, A Space Odyssey
Gênero: Ficção Científica/Drama
Ano: 1968
Diretor: Stanley Kubrick
Diretor: Stanley Kubrick
Prêmios: Oscar (Melhor Efeitos Especiais) e BAFTA (Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora).
Sinopse: Na pré história o surgimento de um misterioso monólito negro acelera a evolução dos símios que origina os seres humanos. Quatro milhões de anos depois, em 2001 d.C., uma equipe de astronautas a bordo de uma nave dotada de inteligência artificial parte numa missão para investigar essa enigmática estrutura em busca de respostas sobre nossa existência.
Importância: O filme lida com os elementos temáticos da evolução humana e tecnológica, assim como inteligência artificial e vida extraterrestre, através de uma abordagem que prima por um notável realismo científico e efeitos visuais pioneiros. O som também desempenha um papel importante nesse longa, que o usa no lugar de técnicas narrativas tradicionais: Há pouco uso de diálogo e o silêncio das cenas mudas é tão importante quanto as falas e a trilha sonora.
"2001, Uma Odisséia no Espaço" elevou o gênero ficção científica de filmes B ao status de obra de arte.
Opinião: É impressionante como um filme lançado há 48 anos atrás sofreu tão pouca ação da passagem do tempo. Ele não ficou datado em termos de efeitos especiais e muito menos em narrativa. Muito pelo contrário, sua narrativa nunca foi mais atual do que é hoje.
No entanto, é um filme que algumas pessoas podem considerar “parado”, já que ele aborda temas filosóficos e prioriza a construção de uma experiência única. Não se trata de uma guerra entre o exército americano e invasores do espaço. Na verdade, se trata do extremo oposto disso.
Algumas (ou muitas) pessoas podem também achar o final confuso ou até mesmo sem pé nem cabeça, o que é proposital. Arthur C. Clarke, autor do roteiro ao lado do próprio Kubrick, afirmou que se alguém entendesse tudo que o filme diz na primeira assistida, ele teria fracassado.
Em resumo é um filme ousado, desafiador e primoroso com as impressões digitais da genialidade do Stanley Kubrick em todo canto. E se ele for muito “parado” e “confuso” pra você, não se preocupe, você pode assistir Transformers.Algumas (ou muitas) pessoas podem também achar o final confuso ou até mesmo sem pé nem cabeça, o que é proposital. Arthur C. Clarke, autor do roteiro ao lado do próprio Kubrick, afirmou que se alguém entendesse tudo que o filme diz na primeira assistida, ele teria fracassado.
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